17 de mai. de 2011

Dependência ou morte
    Desde o final de 2010 acompanhamos as revoltas que vêm explodindo a cada dia no norte da África e mais recentemente em alguns países do Oriente Médio, como Síria e Iêmen. Rebeldes saem às ruas para protestar contra a repressão, violência, opressão, falta de liberdade e exploração na qual vivem há décadas (se não séculos na história de um país) e clamar pela destituição de ditadores no poder por cerca de trinta anos.
    Noticiários, mais sensacionalistas, lançam a idéia do “despertar do mundo árabe”, mitificando mais uma vez o pensamento de que finalmente as situações dos países se encaminham para um “final feliz”, porém poucos se lembram que tais nações já lutaram (e não viveram “felizes para sempre”) pela independência nas décadas de 1970-80 passando de antigos territórios coloniais recém libertos para nações dependentes de violentos ditadores e das grandes potências da moda interessadas no lucro que poderiam obter. Num clássico exemplo de que a história se repete, como ocorreu na independência das Américas portuguesas e espanholas, influenciadas por interesses ingleses e norte-americanos de mercados consumidores e fonte de recursos naturais essenciais para o fortalecimento do capitalismo e desenvolvimento das indústrias (ambos incipientes na época). Que semelhante a Cuba e Brasil seguem a mesma linha evolutiva – com direito a seleção natural e sobrevivência dos mais fortes e melhores adaptados – passando por uma sequência que compreende desde as colônias, processos de independência, governos transitórios e temporários, ditaduras, exploração e revoltas.
   Embora nações como Tunísia e Egito tenham derrubado os ditadores Ben Ali e Hosni Mubarak, a Líbia permanece em destaque devido à resistência do seu ditador Muammar Kadafi, os principais membros da OTAN (Estados Unidos, França e Itália) no comando das operações de bloqueio do espaço aéreo e ações militares terrestres fomentam (ainda que indiretamente) os ataques rebeldes para derrubada de Kadafi, vista como o final feliz e único caminho para a paz e concessão de direitos à população. No entanto é preciso analisar e dar maior importância ao período pós-revolução, momento em que a nação estará mais vulnerável a novos golpes, interferência estrangeira, cisões e conflitos entre tribos e grupos agora aliados. Por ser um país com grandes reservas e produção petrolífera é uma área de interesse de grandes potências que em um momento de fragilidade mostrarão todo seu altruísmo, oferecendo-se como um organismo de suporte para as decisões e gestão das questões políticas, econômicas e sociais, atrás de um discurso dissimulado que prega a defesa dos direitos dos povos.
    Possivelmente tais acontecimentos sejam apenas mais um episódio de uma daquelas séries de televisão que já sabemos o final, semelhante ao ocorrido com países como Afeganistão, Iraque e Irã cujo desenvolvimento em todos os setores da sociedade é dificultado pela presença de tropas internacionais tão opressoras e corruptas quanto os ditadores, os líderes extremistas e o aparelho administrativo nacional.

Mayara Berto Massuda
17.05.2011

Um comentário:

  1. Eu já vejo por outro lado o final dessas revoltas, mesmo com a queda de governos totalitários, depois a presença de forças internacionais, sempre caminhamos para uma democracia que no começo corrupta e escandalosa, porém com a evolução intelectual(?) dos cidadãos que votaram por um país melhor, terminaremos num mundo mais igual. Mesmo que dr que eu ainda não conheço nenhemore décadas até séculos, caminhamos para a democracia plena (apesaum país que seja TOTALMENTE democrático)

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